Os gestores do programa de ajuda ao Malawi posto em marcha por Madonna, que previa a construção de uma academia para raparigas, foram afastados dos seus cargos depois de terem gasto 3,8 milhões de dólares no projecto de uma escola que nunca chegará a ser construída.
A grande fatia de gastos foi para os projectos de arquitectura e design que agora não terão qualquer uso.
O director deste programa de ajuda, Philippe van den Bossche, companheiro de uma ex-instrutora de Cabala de Madonna, abandonou o cargo em Outubro, depois de ter vindo a público o seu estilo perdulário de gestão, indica o “The New York Times”.
Os auditores descobriram que muito do dinheiro foi gasto em coisas como salários, dois carros para funcionários que ainda nem sequer estavam nomeados, escritórios, quotas de um clube de golfe, arrendamento de casas e condutores particulares.
Outra gestora, Anjimile Oponyo, que viria a ser a directora da escola, foi igualmente criticada por falta de conhecimentos práticos e fracas prestações de gestão efectiva.
A situação foi apelidada pelos auditores como de “caos financeiro e programático”.
Ainda assim, os auditores admitem que ainda não conseguiram perceber exactamente em que é que foram gastos os 3,8 milhões de dólares.
O fim deste projecto, que tinha como missão construir uma escola para raparigas - a Raising Malawi Academy for Girls -, que era apoiada financeiramente por outras estrelas de Hollywood que, tal como Madonna, seguem os ensinamentos cabalísticos [conjunto de ensinamentos sobre a natureza divina], foi anunciada em Janeiro.
A decisão apanhou o governo do Malawi de surpresa e irritou aqueles que tinham sido expropriados dos terrenos onde seria erguida a nova escola, perto da capital, Lilongwe. Muitos argumentam não terem recebido as compensações devidas.
Madonna tinha encaminhado 11 milhões de dólares para o projecto. O edifício deveria ficar construído em Dezembro deste ano.
Michael Berg, co-director do centro cabalístico envolvido no projecto e co-fundador da Raising Malawi, aceitou a derrota esta semana: “Foi tomada uma decisão consciente de descontinuar os planos da Raising Malawi Academy for Girls”.
Madonna já disse, porém, que irá continuar a trabalhar naquele empobrecido país africano. “Existe uma verdadeira crise de educação no Malawi”, disse Madonna. “Sessenta e sete por cento das raparigas não frequentam o ensino secundário e isso é simplesmente inaceitável. A nossa equipa vai trabalhar para atacar este problema de todas as formas que conseguirmos”.